Homenagem ao Centenário da Imigração Italiana
O Grupo de Trabalho da Academia de Letras do Noroeste do Rio Grande do Sul (Alenrio) homenageia Tucunduva-RS na data da emancipação política e, ao mesmo tempo, comemora o ano do centenário da imigração.
Na obra Os saqueadores de Tucunduva, um romance histórico-genealógico escrito por Sadi Camera, que conta a saga de nossos antepassados, pioneiros, colonos cheios de esperança, Sadi nos relata que na Itália os agrupamentos familiares viviam com dificuldades, com pouca terra, sofrendo com o tormento das guerras, sem um futuro promissor. Com o crescimento das famílias, sonharam com novas oportunidades de trabalho e um lugar.
Quando surgiu a oportunidade de migrar para o Brasil, organizaram-se. Unidos, juntaram tudo e todos que puderam e partiram em busca deste sonho. A bordo do vapore La Sofia, muitos chegaram na Mérica. O sonho se realizou no sul da América.
Mérica, mérica, mérica cantavam migrantes italianos ao romper de um dia de lavoro. Cem anos depois de cruzar as invernadas pelos caminhos do noroeste riograndense, seus descendentes lavram as terras com o mesmo cuidado de um belo mazzolino di fior.
Assim como na Itália, os imigrantes que se estabeleceram na região de Bento Gonçalves encontraram um clima favorável para o plantio de parreirais. Anos mais tarde, as famílias cresceram e as terras tornaram-se escassas. Era necessário rumar para o oeste.
Das colônias agrícolas de Bento Gonçalves o trem trouxe as famílias pioneiras até Santo Ângelo. Dali, foi necessário abrir picadas até a Colônia 14 de Julho, para então cruzar o Rio Santa Rosa e chegar em Bela Harmonia.
No mesmo chão do João, o João Tucunduva, os imigrantes desbravaram terras planas, belos rios, matas, formaram colônias e prosperaram. Graças ao trabalho, o sforzo e a dedicação dos bravos colonizadores italianos que, seguidos de alemães, poloneses e pessoas de outras nacionalidades cultivaram as sementes pioneiras, legando às novas gerações o registro de sua memória, paesi e città.
Assim floresceu Tucunduva, como um belo mazzolino di fior.
Tucunduva, 9 de setembro de 2020.
Assinam o documento,
Renato Pereira e Tanize Tomasi