Lamaçal da História

Fingida dor escrita
Com tintas sanguilíquidas
Em maltrapilhas vestes papeleiras

Três herdeiras do infortúnio
De drogarias estouradas
Por policiais sem salário

O tempo abusa com fome
Homens sem fé também
E palavras fofoqueiras

Esperanças brilham nos olhos
Em carro cruz-avermelhado
Na rua de terra enfavelada

O dia conta a verdade
No livro de história do tempo
Dos impostos sumidos em malas

Damas das camélias
Flores dos estupros da verdade
Por deuses monetários

Três herdeiros da escória
Imiscuídos entre as pedras
No meio do caminho

Fagulhas acesas em pontas
De brotos de planta proibida
E cheiros de cola derretida

Raios explodem nas nuvens
Lágrimas molhadas
Do mundo do sem fim

Esperanças somem nos ralos
De halos verde-amarelos
Única camisa-cueca-calça

O dia esconde os fatos
Da história não impressa
Apenas sanguilíquida

Donos de bocas enfumaçadas
Disfarces do tempo
Cúmplices de divinos perdoadores

O último perverso poeta
Escreve com o sangue dos dedos
Um não compartilhado poema

Poesia premiada no concurso da revista Fluxos, cuja antologia será distribuída para escolas e bibliotecas do município de Guarulhos – SP.

Roque Aloisio Weschenfelder, clique aqui para saber mais sobre o autor.

Nota: Este texto reflete a produção autoral do acadêmico e não expressa, necessariamente, opiniões oficiais da Alenrio. A coletânea de textos da seção “Ensaio” abrange uma diversidade de gêneros literários, incluindo artigos, crônicas, contos, ensaios, romances, poesia e artigos de opinião, em prosa e verso, enriquecendo o panorama cultural e estilístico cultivado pela instituição.

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